No último domingo, 17, os candidatos inscritos na edição impressa do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) realizaram as provas objetivas de linguagens e ciências humanas, com 45 questões cada, e a prova de redação. A última, por sua vez, contou com o tema “o estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”.
Para o coordenador de Língua Portuguesa do Galt e professor de redação, Gabriel Farias, trata-se de um assunto fundamental para contextualizar o momento que estamos vivendo. “É uma questão psicossocial que tem relevância no cenário nacional e internacional, ainda mais se tratando do contexto da pandemia, em que muito se pautou sobre seus impactos na saúde mental da população”, diz.
O professor explica ainda que alguns fatores podem ser determinantes para que o aluno obtenha uma boa nota: entre eles a abordagem correta do tema proposto e a interpretação dos textos motivadores. “O aluno deveria tratar essencialmente sobre o preconceito que ainda se tem em relação aos problemas da saúde mental, que são muitas vezes negligenciados e tidos como assuntos menores e o que isso acarreta para aquele que sofre com as doenças mentais tanto psicologicamente como socialmente”.
De acordo com a Professora Bruna Reis, que também leciona a disciplina de redação para os alunos do Galt, é preciso alinhar a construção do texto com as competências estabelecidas na Cartilha do Participante. Só assim os alunos poderão evitar descontos nas notas. “A competência V, que trata da proposta de intervenção, é a mais comum dos alunos serem penalizados por se esquecerem de colocar os cinco elementos avaliados, então é preciso atenção para ganhar nota nessa competência”, explica.
Bruna acrescenta que a competência II também merece atenção, “já que o repertório precisa ser pertinente e produtivo, é preciso ter cuidado com as citações decoradas, além de equilibrar repertório com argumentação, afinal, seu ponto de vista precisa ser justificado”.
Sobre a estrutura do texto, a educadora aponta que uma redação bem feita vai além do domínio da Língua Portuguesa. “É essencial a estrutura ser completa, a argumentação consistente e o repertório pertinente”. Para Bruna, é importante abordar todas as palavras do tema – ou sinônimos – para não correr o risco de o examinador achar que você tangenciou o tema. “Colocar isso tudo em 30 linhas não é realmente fácil, mas é possível, afinal, treinamos ao longo do ano!”, complementa.
Para a Monitora de Psicologia do Galt, Danielle Andrade, discutir o tema é fundamental para a quebra dos estigmas, para a acessibilidade do conhecimento e para a implementação de mais Políticas Públicas para os serviços de Saúde Mental. Segundo ela, se levarmos em conta o panorama da sociedade brasileira, a palavra “estigma” apresenta uma perspectiva negativa. “Existe resistência por parte das pessoas quando se trata de saúde mental, pois muitos ainda acreditam que procurar ajuda em determinados momentos da vida pode ser capaz de rotulá-los como doidos ou incapazes”.
Danielle explica que as discussões sobre o tema aumentaram nos últimos tempos, principalmente com o avanço exponencial das redes sociais e que elas, inclusive, propõem uma quebra dos estigmas relacionados às doenças mentais uma vez que se tornaram uma nova forma de acesso ao conhecimento. “Muitos profissionais de saúde encontraram esse novo modelo de transmissão do conhecimento e de informação. É uma forma mais acessível e descontraída que permitiu que muitas pessoas conhecessem os trabalhos realizados por psicólogos, psiquiatras, entre outros”.
A luta antimanicomial é, na visão de Danielle, uma perspectiva sobre o tema que poderia ter sido explorado pelos estudantes. “Trata-se de uma oposição à violência com a qual as pessoas com algum transtorno mental são tratadas. São pessoas que vivem encarceradas e em condições indignas e submetidas a procedimentos violentos que não demonstram nenhuma eficácia”, finaliza.
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